domingo, 30 de maio de 2010

Reflexões sobre a família

Baobá

É longa a história de cada Família! Tão longa, que as suas mais profundas raízes mergulharam num passado cuja memória se perde na história do tempo! Todas as famílias têm o seu passado. As suas raízes. Delas brota a seiva do exemplo, memórias de virtudes e de defeitos também. Delas, o presente de cada Família, recebe a missão de transmitir ao futuro o presente que deve preparar aquele. Os ramos da árvore de cada Família renovam o passado, promessas de futuro. Abertos ao tempo que há-de vir, os filhos – ramos espraiados ao sol da vida – estão profundamente unidos, indissociavelmente unidos, a seus pais e a avós. Como estes, alimentam-se e revigoram-se no Amor que circula desde as raízes ao longo do tempo e que o tempo não pode esmaecer. Pelo contrário, urge que Pais e Avós sejam capazes de testemunhar um Amor forte, permanentemente reconstruído e transmitido. Só amando se pode dizer o que é o Amor! E o Amor é circulante tal como a seiva das árvores: ascendente e descendente. Esta dupla circulação do Amor reforça, porque alimenta, a vida dos indivíduos na Família. O Amor, assim, não é mero símbolo poético, mais ou menos irreal. O Amor, seiva em movimento, é vivo e só tem sentido quando vivido numa dinâmica de renovação, que se adapta sem deixar de ser o que, na realidade, é: alimento que se dá e se recebe. O Amor é construído no quotidiano das “coisas” simples e, quantas vezes não visíveis, tal como a simplicidade da seiva bruta que pouco ou mais transporta do que água e sais minerais. Numa árvore não vemos a seiva, sem a qual ela não vive, tal como nas Famílias o Amor tem de existir mesmo sem dar nas vistas, sem a exuberância de gestos e atitudes. O Amor, na Família, é como silencio que fala ou voz ou gosto discretamente presentes.

Carlos Aguiar Gomes


 

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